terça-feira, 14 de julho de 2009

ESPELHO, ESPELHO MEU...

POR: ISAIAS ALMEIDA*



Recentemente, a revista Veja publicou, nas páginas amarelas ,uma entrevista com o físico Andréas Schleicher, que comanda os rankings de educação na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) . Ele se mostrou surpreso com relação a sua última visita à China. Segundo relata, os chineses demonstraram um profundo conhecimento sobre tudo o que da certo no resto do mundo em relação a educação e adaptam o possível à sua realidade sem o menor pudor.

Infelizmente não é o caso do nosso país. Tem sempre gestores por aqui pleiteando a reinvenção da roda quando se trata da educação. Talvez se prestássemos um pouco de atenção às nossas experiências bem sucedidas, aprendêssemos a superar algumas mazelas com as quais convivemos nesse campo. Falo do desempenho do CPM de Vitória da Conquista no último Enem, em 2008, simplesmente a melhor escola da Bahia. Isso vale alguma coisa, não vale?

O Enem é um forte indicador de desempenho das escolas. Criado em 1998, durante a gestão do ministro da educação, Paulo Renato de Souza, no governo Fernando Henrique Cardoso, o Enem teve por princípio avaliar anualmente o aprendizado dos alunos do ensino médio em todo o país para auxiliar o ministério na elaboração de políticas pontuais e estruturais de melhoria do ensino brasileiro através dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do Ensino Médio e Fundamental, promovendo alterações nos mesmos conforme indicasse o cruzamento de dados e pesquisas nos resultados do Enem. Foi a primeira iniciativa de avaliação geral do sistema de ensino implantado no Brasil.

A sua relevância é imensa num país acostumado a tratar a educação com achismos e avesso à estatísticas. Só no final do século XX começamos a avaliar nossa educação básica de maneira sistemática e não sem muita controvérsia. Foram intermináveis discussões sobre o exame nacional do ensino médio e do ensino superior, parecia que se pretendia acabar com a educação pública. Felizmente, tornou-se indiscutível a importância da avaliação dos cursos de ensino superior e o Enem deixou de ser um monstro.

Agora, que nos aproximamos de uma nova etapa na história do Enem, uma atitude produtiva das escolas seria começarem a discutir a matriz do novo Enem, um documento que deveria se tornar peça constante nas ACs, nas reuniões pedagógicas e nas conversas dos professores do ensino médio. Também não custava nada saber o que esses CPMs andam fazendo, que os tornam líderes no desempenho.

Em todos os países bem sucedidos as pessoas, empresas e demais instituições se espelham no que há de melhor em suas respectivas áreas. Não ofende, não tira pedaço e enriquece o trabalho.

Em minha experiência com informática educativa, posso afirmar que tem sido uma atitude positiva. Como dizem os americanos, se é para seguir alguém, que seja o melhor.


*Professor das redes públicas: municipal e estadual

Especialista em Avaliação

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